segunda-feira, 16 de julho de 2012

À nossa (saúde)!


À nossa saúde! De bom tom em cada brinde, vociferado com entoação firme. Pela nossa saúde! Sussurros que ecoam na mente, raramente transbordantes dos limites de nós próprios.
Findos dias de convulsão, não se tratasse afinal do mais essencial direito e necessidade (a saúde), pairam ainda alguns ecos de protesto de enfermeiros e médicos, os 2 maiores grupos que sustentam o Sistema Nacional de Saúde (entre tantos outros, infelizmente ainda menos representados, como os TDT, Psicólogos entre outros).
Aos médicos coube o ruído mais audível; e ruído nunca seria demais contra a transformação da medicina de qualidade num jogo de mercenários. 2 dias de paralisação, ainda assim insuficientes para que se perceba a verdadeira dimensão do atentado projectado pelos arquitectos que desenham o nosso triste futuro em linhas grosseiras: substituir a contratação das instituições por empresas fornecedoras de mercenários low-cost, compara-se a contratar para mecânico qualquer um que saiba atestar o esguicho do pára-brisas. Arriscamo-nos a que o único critério de calibração da medicina seja o número de consultas/hora, adjuvados pelo mínimo de recursos possível.
Ergueu-se igualmente a voz contra o atentado à carreira médica; olvida-se com frequência que uma grande base do trabalho desenvolvido especialmente nos Hospitais, se baseia na estrutura da carreira médica, se suporta nos internos de especialidade. Detonar os fundamentos deste princípio é amputar de qualidade e atenção os cuidados aos utentes. E troca-se a riqueza da formação pela poupança de tostões, que em nada se reflecte naquilo que é o crónico “buraco financeiro” da Saúde.
A culpa não pode, no entanto, ser depositada exclusivamente no paupérrimo poder político que atenta, governo após governo, contra o sistema nacional de saúde. A culpa é também dos médicos, que nas empresas de prestação de serviços viram, até dada altura, uma oportunidade de ganhar pontuais pequenas fortunas; que com estas empresas promoveram assimetrias gritantes entre colegas de profissão. Estas suas invenções, que lhes permitiram exercer, em alguns casos, em múltiplos Hospitais do sistema público e privado, geraram diferenças remuneratórias atrozes entre colegas; lado a lado, em tantos dias caóticos em bancos de Urgências, muitos houveram a ganhar o dobro de outros colegas com vínculo à instituição hospitalar. É tempo de silenciar o monstro, não só agora que ele pretende deglutir a essência da arte médica, mas também para terminar com as diferenças entre colegas. Diferenças, essas, apenas aquelas conquistadas pelo mérito e progressão na carreira.
Luta-se por uma contratação directa das instituições, promovendo estabilidade, promovendo continuidade e melhoria de cuidados. O ruído, esse, tem mais eco pelo papel social que ainda desempenha a bata branca imaculada, mas só surtirá efeito se entoado em uníssono.
                Aos enfermeiros coube apenas o murmúrio: uma vigília de 50 pessoas, não chegou para mais do que um ténue prurido auditivo à porta do Ministério da Saúde. É certo que a público vieram as vozes da classe; Bastonário, Presidente da Secção Regional do Sul e representantes sindicais criticaram a remuneração irrisória, mais, humilhante, oferecida a enfermeiros. No entanto as mesmas vozes já permaneceram em silêncio demasiado tempo em situações semelhantes. Continuam os enfermeiros à espera que os Moita Flores ou Sousa Tavares da vida se pronunciem para seguirem na boleia mediática. Continuam os enfermeiros a necessitar do elogio pontual de quem não confia na sua própria arte e ciência.
Meses antes, já no Hospital Rovisco Pais se pagavam 5€/hora, já o Hospital de Loures contratava recém-licenciados em vínculo precário a 700 e 800€ mensais, já no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes não se pagavam horas de qualidade, já no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental se exigia a devolução de valores astronómicos aos próprios profissionais, já no Hospital de S. João se despede uma enfermeira-chefe pelas suas ligações sindicais, e perante tudo isto reinou o silêncio.
Defende-se um valor mínimo de 7€/hora para exercer enfermagem, um valor que não obriga sequer a compensação fixa pelo trabalho nocturno ou em feriados e fins-de-semana. 7€ para ajudar a nascer, para suavizar a dor na hora da morte, para lutar pela vida, para substituir em cada pequeno gesto impossibilitado de ser feito autonomamente. 7€ para viver a cada hora com a responsabilidade de não errar, para viver com o perigo eminente de acidentes no local de trabalho, para ser acarinhado, para ser também insultado. 7€ para jovens de 21 ou 22 anos conviverem com a morte diariamente, para pais de família deixarem as suas famílias durante a noite, para não as acompanharam nas consoadas, para ouvirem os seus filhos reclamar da pouca presença. 7€ para remunerar uma licenciatura, para remunerar um esforço diário de diferenciação, de especialização, para remunerar um gosto pelo cuidar que excede, na maioria das ocasiões, as suas necessidades pessoais, pois não ficam doentes para cuidar, mas ficam enfermeiros sem hora de refeição.
Aos enfermeiros o murmúrio é o único ruído, pouco ambicioso, pouco voltado para a melhoria dos cuidados de saúde, quando de si dependem a maioria dos cuidados (esquecem ser 60 a 70% da força de trabalho). Exigir 7€ é o mesmo que reclamar dos 4€, é conformar-se ao medíocre, é esquecer que aos enfermeiros já foi, pelo menos, oferecido mais; ainda o é, para os resistentes que pertencem à função pública, aqueles que, na sua maioria, permanecem em silêncio. Tal como continuam a permanecer em surdina os recém-licenciados, os que iniciam a sua carreira, sem a consciência de que aceitar tudo apenas com a perspectiva de adquirir experiência é nivelar demasiado por baixo a profissão, a ciência, a arte de enfermagem. Mudos ficam os responsáveis da classe permitindo aumento de vagas no Ensino Superior para a Licenciatura em Enfermagem esquecendo os mais de 30% de desempregados na classe (haja alegria nos países oportunistas que ganham enfermeiros sem um cêntimo investido na sua formação)
O povo, em geral, ignora as razões de queixas. Vê apenas o resultado final, ou seja, com maior ou menor dificuldade, são cuidados, são tratados, são ajudados. A greve é para eles um dia sem consultas, não percebendo que em perigo está toda a gratuitidade, segurança e qualidade de um Sistema Nacional de Saúde.
O povo desconfia, não percebe a contestação, quando são necessários cortes, assim o dita o dogma governamental, exigindo esforço a todos.
Não percebe, o povo, aqueles a quem tão corajosamente servem médicos, enfermeiros e todos os profissionais de saúde, que o gasto excessivo do SNS não está nas despesas com os seus profissionais: enfermeiros a 4€/hora, TDT a 3€/hora e médicos internos de especialidade a preço de quase gratuitidade não são a base de um problema de má gestão governamental. 20€ de taxa moderadora num hospital pagam o trabalho prestado durante 1 hora a um utente, em termos de pessoal envolvido, pelo menos, não esquecendo a contribuição fiscal dos contribuintes.
Ao povo caberia a maior razão para gritar, para clamar, para entoar vigorosamente. Afinal mais do que condições salariais e de trabalho para profissionais, está em causa toda a integridade de um sistema de saúde público. Em momentos de aflição não há seguradora ou clínica privada, com as suas fardas reluzentes e edifícios de assinatura arquitetónica que ponha à sua frente as necessidades de quem cuida. Colocar as necessidades dos doentes em primeiro lugar faz o serviço público, que funciona devido à abnegação e paixão de quem nele trabalha, defende e acredita.
Os dedos acusadores multiplicam-se, mas por cada dedo apontado pelo menos 3 dedos se voltam para nós. Médicos e enfermeiros, uns pela arrogância cultural de quem achou nunca ser beliscado, outros pela subserviência e conceptualização de que todos podem beliscar; a todos cabe a culpa, pelas remunerações irrisórias, pela desvalorização de quem garante os cuidados de saúde. Povo, porque não recorda o nome do enfermeiro que o cuidou, confunde o nome do médico assistente apenas por não ter cabelo grisalho e apelidar-se de Professor Doutor, não percebe que é do esforço e empenho de técnicos de cardiopneumologia, técnicos de imagiologia, assistentes operacionais entre tantos outros que recupera o que de mais precioso temos: a saúde.
À nossa saúde! Um brinde que poderemos fazer quando se valorizar a especialização nos cuidados médicos, quando as instituições trouxerem segurança aos seus profissionais com vínculos e vencimentos condignos, quando os enfermeiros viram reconhecidas as milhentas intervenções que fazem diariamente, esquecendo-se de si próprios em prol do cuidar com qualidade, quando em cada dia de doença ou sofrimento de alguém o sofrimento não seja determinado pelo profissional que manda a empresa privada, mas sim determinado pelos mais competentes para o cuidar.
À nossa saúde! Um brinde quando todos os profissionais de saúde desceram de pedestais ou tirarem os olhos do chão e perceberem que defender o SNS é uma luta de todos, conseguida pela luta de cada grupo profissional. Afinal atrás de um profissional de saúde está uma pessoa, que um dia também adoece.
À nossa saúde! Um brinde ao ainda longínquo dia em que desistimos da passividade enquanto cada direito, cada migalha de liberdade e justiça nos são, lentamente, roubados.

Tiago Pinheiro

terça-feira, 3 de julho de 2012

E heis que os cegos finalmente vêem

3,96€! É este o valor da discórdia; o valor que colocou a enfermagem na boca do povo. O valor que pareceu ter o condão de abrir os olhos a quem sempre os quis fechar.
Os enfermeiros constituem a maioria da força de trabalho das unidades de saúde, garantindo o seu funcionamento. Garantem os cuidados de saúde à população, afinal um dos direitos essenciais por que tanto lutámos, geração após geração.
Os enfermeiros ajudam a nascer, ajudam a morrer com dignidade, cuidam os doentes, ensinam os saudáveis. Abdicam de noites repousantes no seu lar, abdicam de Natais em família, abdicam de amigos com horários fixos, abdicam de uma profissão segura, isenta de riscos.
Os enfermeiros vivem o cuidar, concluem a sua licenciatura, mas mantém a sede de aprendizagem permanente: assim o exige cuidar alguém. Vivem o cuidar desgastando-se, vivem-no não obstante o risco elevado de lesões na coluna dorsal, de acidentes profissionais, de agressões de doentes agitados, confusos, zangados.
Os enfermeiros executam o plano delineado para cada doente, pois é nas suas mãoes que ganham forma as acções de cuidar, são as suas mãos que ligam máquinas de hemodiálise, que administram medicação; é pelas suas mãos, junto às do doente que se transmite coragem e esperança.
Os enfermeiros são, no entanto, o maior obstáculo ao seu reconhecimento; remetem-se demasiadas para a sombra, alegrando-se com a cura de quem cuidam, mas sendo invisíveis para o exterior. Remetem-se demasiadas vezes para um papel sem importância que não é o deles, têm uma dificuldade herculeana em perceber o quanto é vital o seu papel, e, como tanto apraz À cultura portuguesa, acomodam-se.
O chocante não são os 3,96€, o chocante são já os 8€ que se ganham há vários anos. O chocante é uma licenciatura com o seu carácter científico e com idoneidade para se regular, ser remunerada abaixo da tabela salarial de qualquer outra carreira do exercício público.
Chocante é o espanto geral, quando os mesmos 4 ou 5€ são o valor que remuneram os enfermeiros há já largos anos na região Norte, onde o excedente de enfermeiros há muito se faz sentir; Chocantes são as vozes da Ordem e do Sindicato que se levantam, sobre um problema que ecoa nas paredes das instituições de saúde há demasiados anos.
Este é apenas mais um triste episódio, mais um apenas, diferente porque quem o notou não foram enfermeiros, foram jornalistas. E essa é a única diferença, pois o problema, o da subvalorização dos cuidados de enfermagem, esse existe desde sempre.
O dedo aponta-se ao governo; na verdade com a duplicação das taxas moderadoras e a redução das remunerações aos profissionais de saúde, o sistema nacional de saúde continua falido, mas insistem na farsa de que é nos vencimentos dos humildes trabalhadores que está o problema. Mas neste caso o governo lançou um concurso com um preço base de 8,50€ e a decisão de oferecer menos foi das empresas concorrentes.
O dedo, esse, deveria desviar-se também para nós próprios, os enfermeiros. Os mais velhos recearam os licenciados, preferiram nivelar a carreira por baixo, e agora regozijam-se por terem privilégios de função pública que outros nunca tiveram ou terão. Os mais novos, ávidos do 1º emprego, aceitam qualquer condição ou remuneração, nivelando ainda mais por baixo a tabela salarial. Todos, mergulharam num comodismo, confortados os que têm empregos estáveis, resignados os que têm contextos difíceis e injustos. As greves, essas, são um desfile de autocolantes e cartazes de uma dúzia de personagens que nada dizem a quem trabalha, são um exercício patético que demonstra não a força da enfermagem e o quanto os seus cuidados são essenciais, mas apenas que nem a consciência do nosso próprio poder e valor temos.
O dedo que paire igualmente sobre os enfermeiros que detêm muitas destas empresas de prestação de serviços, explorando cruelmente colegas mais novos, colegas que tudo fazem para exercer.
Falta uma posição forte e apaixonada, uma posição com a mesma força com que defendemos os doentes, com o mesmo empenho com que os cuidamos. Falta união, em tempos actuais do "salve-se quem puder", que os bem instalados enfermeiros funcionários públicos vão à luta pelo reconhecimento da profissão, que os recém-licenciados percebam a enorme responsabilidade de ser enfermeiro e que aceitar qualquer remuneração é destruir a perspectiva de fortalecimento da enfermagem.
Os olhos, esses só não viram até agora o que não quiseram. Esteve sempre ao alcance da mais pequena espreitadela os valores de 700/800€ mensais pagos no Hospital de Loures e Cascais, os 1/2€ por hora pagos a enfermeiros em clínicas de hemodiálise, a precariedade de contratos que nem contemplam protecção contra acidentes de serviço.
Os olhos, esses, há muitos anos vêem proliferar escolas de enfermagem num mercado cada vez mais saturado, vêem sair destas escolas jovens idealistas que sem apoio, sem noção da responsabilidade, aceitam qualquer (má) oportunidade.
Os olhos, os de toda a população, esses sim têm de ser abertos. Têm de perceber que 3,96€ é o valor que querem atribuir a uma profissão onde o erro não tem lugar, onde o lapso coloca em risco a vida de outro. Temos, nós, enfermeiros, e eles, de perceber que não há local algum onde se trate da doença ou onde se promova a saúde, que sobreviva sem enfermeiros.
Haja coragem para uma posição firme, para uma mensagem ambiciosa, para uma atitude finalmente sem egoísmo. A luta não é apenas contra os 3,96€, a luta é por uma remuneração como licenciados que somos, como pedras basilares que somos da saúde de todos.
Triste é que o mediatismo não advenha de uma denúncia de enfermeiros, estes aceitaram pacatamente a remuneração. Teve de vir de outros, aqueles que não sendo enfermeiros, consideram este valor um insulto, sem sequer saberem de metade daquilo que um enfermeiro faz.

Tiago Pinheiro


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Entre o fazer e dizer que se fez

A actual situação de um país em queda livre e de um mundo a braços com a inviabilidade do sistema económico que inventou, leva a um espaço de reflexão curto; leva a uma realidade de decisão breve, de decisão corajosa e intransigente, sob pena de ideias e ideais serem depurados e rapidamente esquecidos eternamente.
A Enfermagem vive no epicentro de um turbilhão: o Sistema Nacional de Saúde. Os cortes no mesmo atingem cada indivíduo no âmago não apenas do seu bem estar mas igualmente da sua dignidade. Numa politica cega de cortes tem sido à enfermagem que se tem imputado a maior severidade. E para além das feridas infligidas por nós próprios, como a multiplicação de cursos de enfermagem, sofremos agora as mais dolorosas flagelações. O trabalho de enfermagem é desvalorizado pelo rating do poder político, numa altura em que nunca foi tão vital ter enfermeiros competentes e motivados para garantir os cuidados de saúde.
Diariamente, e para quem preste atenção, são múltiplos os atentados à dignidade da ciência e arte da enfermagem. Salários hilariantes, competências em permanente risco, chantagem patronal frequente, limitação dos meios para cuidar entre outras ferem a vista a quem tenha a coragem de abrir os olhos para um vislumbre somente.
Temos uma vantagem, comparando com funcionários de comércio, operadores de caixas de hipermercado, mecânicos entre outros: temos uma Ordem com capacidade legal e jurídica para regular a profissão, para ser o nosso rosto perante o poder politico. A vantagem, no entanto tem sido de pouca utilidade nos 14 anos de existência de Ordem. Assistimos à inércia de uma Ordem confinada às paredes dos seus luxuosos edifícios, a usufruir das suas luxuosas porcelanas, conferindo-nos o privilégio de opinar sobre realidades que desconheciam completamente. 
Vivemos falsos mitos como a falta de enfermeiros ser corrigido com a formação em catadupa e não com a discussão de dotações, como a enfermagem ser uma ciência reconhecida entre outros. A vantagem tornou-se um fardo, económico, emocional, porque pior do que estar sozinha na luta é estar acompanhado de alguém que deixa a espingarda de lado e se senta enquanto nos vê lutar.
Este ano, ainda que depois de um processo que deveria ter primado pela clareza, registam-se mudanças. Com novos corpos sociais percebe-se que há vida dentro das paredes e para além dos pareceres. Há trabalho feito, há iniciativa, há movimentação pela enfermagem. Mas o deslumbramento é um perigo. Habituado a um doente em estado comatoso, não será uma reactividade à dor profunda, sim porque é isso que todos sentidos diariamente nos contextos de trabalho, que trará perspectivas animadoras.
A filosofia tem sido de uma publicitação das inúmeras acções, de um marketing firme, direccionado sempre para dentro, para os enfermeiros. Temos a sensação de que muito é feito ao percorrer os inúmeros comunicados da Ordem, os seus inúmeros mails e agora uma recém renovada revista. Temos a ideia de que alguém está disposto a pegar na arma caída ao nosso lado e lutar. Mas esta sensação esgota-se numa fracção de minutos. Mal termina o anúncio, mal se gastam as páginas da revista, mal se sabem de cor as palavras dos comunicados, voltamos à realidade, dura, cruel, exigindo uma batalha diária; uma batalha que não travamos pela nossa inércia típica, que não travamos por nos preferirmos centrar nos cuidados ao nossos utentes.
As acções não têm valor por serem publicitadas, têm valor quando sentidas. E nesta distância entre dizer que se fez e fazer efectivamente continuamos perdidos, entregues aos nossos braços sem que ninguém nos ampare ao longo do caminho.
Sentiria o abraço se não fosse o António Sala a enviá-lo pelo televisão, mas sim os elementos da Ordem a ir dar-mo ao meu local de trabalho. Sentiria que houveram reuniões com partidos políticos não por ver fotografias, mas sim por ver noticiadas propostas da Ordem com o apoio de grupos parlamentares. Sentiria que progredimos na relação com o INEM não por ver reportagens de diálogos cordiais, mas sem visse enfermeiros por exemplo novamente a gerirem as chamadas do CODU.  Sentiria que a Ordem intervinha nas condições de trabalho de quase escravatura não por percorrer o site da Ordem, mas sim por ver testemunhos de colegas recusando-se a exercer, escudados pela sua Ordem.
O estimulo existe, o doente mexe a mão, esboça um esgar de dor, procura abrir os olhos. Mais reactivo mas longe de recuperar, não respira autonomamente, toma ainda reduzida percepção do mundo. Melhor sim, mas ainda demasiado longe de estar bem.
Não há nem haverá uma enfermagem justa enquanto as decisões foram apenas publicitadas, o marketing esse guardam-no para quem não é enfermeiro, eles, alguns, é que continuam na obscuridade sobre o que fazemos.
Para nós que hajam as acções que possamos sentir, as decisões importantes que urgem tomar. Precisamos que se estabeleça um valor mínimo para que se exerça enfermagem, sob pena de nos equipararmos salarialmente a um auxiliar de acção médica, precisamos de coragem na defesa de quem se recusa a ser remunerado a 3 e 4€/hora, e precisamos de uma mentalidade forte, trabalhada desde o ensino que a responsabilidade de ser enfermeiro é demasiado importante para aceitar qualquer valor irrisório.
Precisamos que não haja uma vangloriação por a Ordem discutir as dotações nos serviços; defender um rácio de 1 enfermeiro para um máximo de 20 doentes, sem distinguir o tipo de doentes é motivo de vergonha ou então de ignorância, natural pelo afastamento de alguns elementos da Ordem da prática.Que vá o Senhor Bastonário cuidar de 20 doentes num SO de numa Urgência Geral, uns dependentes, outros ventilados.
Precisamos que surjam os rostos e ideias dos homens e mulheres com valor que foram eleitos, sim porque foram ainda bastantes. Dos rostos de sempre estamos cansados. Que emane o espírito combativo daqueles que não são enfermeiros políticos, dos enfermeiros que lutam a cada dia por si, pelos colegas e pelos seus doentes nos centros de saúde, hospitais entre outros, deste país.
Que haja sim a publicitação de esperança porque essa não temos, essa sim necessitamos, essa que não tem durado por mais do que uns trémulos lampejos de deslumbramento.
O que sentimos a cada dia mantém-se, por mais que até agora nos digam que façam. Por mais que queiram aderir um autocolante de "amigo" ao Ministro da Saúde ele continuará a ser um carrasco da enfermagem, que nos vê apenas em certos pontos como formas de poupar tostões e como armas de arremesso contra os médicos, ele continuará o ser o homem com letra bem pequenina que nas suas visitas cumprimenta médicos e olha com desdém e desprezo os enfermeiros recolhendo a sua mão e recusando qualquer cumprimento.
Por mais que queiram fazer-nos ver que o mundo está em mudança, só será verdade quando efectivamente o sentirmos, quando deixarem de dizer o que fizeram e nós sentirmos que o fizeram mesmo.
À Ordem não cabe o papel de "queixinhas" a esta ou àquela entidade, à Ordem cabe o papel de estar ao nosso lado na hora de efectivamente fazer.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Preço certo

http://beparlamento.net/rovisco-pais-contrata-enfermeiros-falsos-recibos-verdes-pagando-35-euros-l%C3%ADquidos-por-hora

Qual o preço certo para cuidar de alguém? Impagável pela dedicação, pelo esforço físico e emocional que existe do cuidador, retribuído por quem é cuidado pelo seu agradecimento, pelo olhar de esperança.
Mas na nossa sociedade tudo se resume a números, assim o exige um complexo sistema financeiro.
E urge atribuir um valor ao cuidar, aos cuidados de enfermagem. Serão 3,5euros por hora o suficiente para abdicar de fins de semana e de noites bem dormidas? Será um valor justo para quem tem na sua mão a vida de outros diariamente? Será o correcto para licenciados, pós- graduados e mestrados aplicaram todos os seus conhecimentos?
A enfermagem continua a ser nivelada por baixo, preços anedóticos, com a conivência de estruturas dirigentes da classe, e com a indiferença de enfermeiros mais velhos que têm a sorte de terem um vencimento com um discreto melhor reconhecimento.
Para quando o estabelecimento de um valor mínimo para exercer enfermagem? Para quando uma tomada de posição corajosa que nos impeça de uma vez por todos de continuar este caminho vertiginoso para o abismo? Para quando enfermeiros a serem remunerados de acordo com o valor e responsabilidade que têm? Sem desrespeito, mas 3,5€ é menos do que cobra alguém por limpar o pó da sala

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Um abraço

 http://www.youtube.com/watch?v=ceemqf5zEis

Um Abraço! Todos nós num momento particular da vida precisamos de uma abraço!
Recordo-me sobretudo de 65000 enfermeiros que eles sim necessitam de um abraço. Os 30% desempregados precisam de um abraço ainda mais terno, afinal com a alma cheia de vontade nada lhes resta senão sonhar com a oportunidade de cuidar. Sonham com um vencimento, com oportunidades, com um serviço nacional de saúde que um dia queira tratar dignamente, e que para tal terá de se reforçar com um sem número de enfermeiros.
Precisam de um abraço os enfermeiros que têm a seu cargo 20 ou 30 doentes, que abdicam das horas de refeição, da vida familiar, sempre empenhados, sempre com uma réstia de coragem para um esforço adicional em prol dos que cuidam.
Precisam de um abraço os enfermeiros que lutam pela sua autonomia, que conquistam cada centímetro de reconhecimento com a sua arte, com o seu empenho. 
Precisamos nós de um abraço, um daqueles que todos os dias damos aos que cuidamos. Cada vez que os medicamos, que os ouvimos, que os defendemos, que os compreendemos mesmo quando nos agridem e ofendem. 
Um Abraço melhor não é um abraço bom. A Ordem está melhor, mas a fasquia estava também demasiado baixo. Visitas pontuais a questionar dotações de enfermeiros não resolveram ainda nada. Impera sim o silêncio nas questões importantes, nos contratos precários que brotam em mais um Hospital Publico (Loures), no roubo que se comete contra os enfermeiros do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, no esvaziamento das competências do pré-hospitalar, no atentado à liberdade pessoal dos enfermeiros no Hospital de Braga.
Hajam abraços, mas que haja também censo. Isentem desempregados e recém formados de pagar quotas e guardem nos bolsos os tostões que gastam em spots na TV e Cinema. A promoção de enfermagem é feito em cada segundo em qualquer local em que está um enfermeiro. Melhorar a imagem é lutar por dotações justas, é lutar por rácios compatíveis com países civilizados.

O Roubo (a continuação)

 http://www.beparlamento.net/pedido-de-devolu%C3%A7%C3%A3o-de-valores-pagos-enfermeirasos-no-s-francisco-xavier

Após a interpelação realizada pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, decorreram 15 dias sem qualquer resposta por parte do Governo. As prestações começam a ser cobradas coercivamente, mesmo encontrando-se os processos sob contestação.
As reacções continuam a ser focais, pequenos grupos de enfermeiros que se agrupam, e impera o silêncio entre Ordem e Sindicatos.
Em tempos de uma cega austeridade mete-se a mão ao bolso dos propulsores do Sistema Nacional de Saúde, homens e mulheres que em cada gota de suor inventam milagres, daqueles que só mãos empáticas e habilidosas e mentes perspicazes e competentes consegue, daqueles que são o dia a dia de ser enfermeiro.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Cavaco "bastante preocupado" com desemprego dos enfermeiros - JN

Cavaco "bastante preocupado" com desemprego dos enfermeiros - JN

O Desemprego nos enfermeiros vai-se cifrando nos 30%. Estamos a falar de uma percentagem que é o dobro da taxa de desemprego global na população activa portuguesa. Estamos igualmente a referir-nos a uma classe profissional que prima pela diferenciação, que raramente se fica pela licenciatura, investindo numa contínua melhoria e valorização.
Estamos sobretudo a referir-nos à maior e mais valiosa força de trabalho das unidades de saúde, nas mãos que cuidam dos cidadãos, na saúde, na doença, em todos os momentos.
As visitas do Sr Bastonário têm-se multiplicado, já os resultados têm sido, até ver parcos. Afinal de palavras bonitas estão os nossos ouvidos cheios há 13 anos.

sexta-feira, 30 de março de 2012

O roubo (em suaves prestações)

Ser enfermeiro, mais do que uma profissão ou ocupação, é uma entrega única. O esforço físico, cognitivo e emocional é levado ao máximo em cada momento. Ser enfermeiro é estar presente em todas as fases de vida, seja de nascimento, de morte, de saúde, de doença, de alegria, de tristeza.
Ser enfermeiro já tem inerente, e infelizmente assim o é, ser uma profissão remunerada injustamente e com vínculos que primam por uma crescente precariedade.
Nos hospitais de Portugal, salvo os profissionais mais antigos, apenas os enfermeiros deixaram de pertencer aos quadros da Função Pública, fustigados pelos cortes e retenções e nunca beneficiados pelas regalias de qualquer funcionário público.
As EPE's e algumas das parcerias publico-privadas trouxeram os vínculos para um rating oscilante entre o "miserável" e o "vergonhoso".
No entanto, nunca o roubo adquiriu proporção mais flagrante do que aquela que agora toma. O Hospital S.Francisco Xavier, integrante do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental vem exigir aos enfermeiros contratados a restituição de horas pagas em valor indevido desde 2008. Um erro informático frisam eles, um roubo descarado frisam os enfermeiros.
Os montantes chegam a ascender ao milhar de euros, que a instituição informa cobrar em suaves prestações. Não há explicação para além do erro informático (imagine-se a competência necessária para que a detecção de um erro se faça após 4 anos), não há possibilidade de argumentação, não há uma plataforma de entendimento. Há uma cobrança coerciva de dinheiro a quem cuida dos utentes!
O Silêncio impera na defesa dos enfermeiros. Uns aceitam, resignados, outros reclamam, mas resignam-se na mesma. Pequenas nichos se formam procurando arquitectar uma defesa, vozes discordantes aqui e ali, atemorizados sempre pelo fantasma do despedimento fácil. 
A Ordem, com conhecimento, ainda não se ouviu, o Sindicato age de igual forma, com a agravante de que só se disponibiliza para defender os sindicalizados (no seu abrangente horário de atendimento de 1 dia por semana). Ninguém fala, perante um roubo aqueles que constituem cerca de 60 a 70% da força de trabalho de todos os Hospitais. 
Ser enfermeiro é um privilégio, mas quem cuida não o pode fazer apenas por bondade, é igualmente uma profissão. Caridade fazem os enfermeiros, com a responsabilidade que têm, a ganhar o que ganham.
Uma luz ténue se acende. O Bloco de Esquerda vai colocar ao ministro da Saúde (o tal a quem o Bastonário não teve coragem de criticar) um pedido de esclarecimento sobre esta situação. Afinal a injustiça é por demais evidente aos olhos de todos, tal como é o valor inigualável da enfermagem.
Que se ergam as vozes, sem medo. Hj é a devolução de horas mal pagas, amanhã é (mais) um corte nos salários, mais horas semanais, menor rácio de enfermeiros. Hoje é o dia de falar, pois amanhã até a voz nos roubam

terça-feira, 6 de março de 2012

A Missiva da Ordem

Hoje recebi no correio, como todos os enfermeiros devem estar a receber, uma missiva da Ordem cujo envelope tinha impresso a letras maiúsculas e a vermelho "ASSUNTO IMPORTANTE".

Abri a carta curioso com o que continha no seu interior e juntamente com a factura mensal, vinha uma convocatória para uma assembleia geral ( uma forma de dar voz a todos os enfermeiros que possam estar presentes ou se façam representar) e uma outra folha com mensagens importantes. Li, reli, sublinhei e retive indignado esta única mensagem de um conjunto de folhas: a mensagem ASSUNTO IMPORTANTE referia-se tão somente ao comando: PAGUEM AS QUOTAS!

Sim, resumindo aquele conjunto de palavras tudo se resume ao pagamento das quotas e nesse sentido retirei as seguintes ilações:

- A Ordem diz que temos que pagar as quotas no valor indicado e votado em assembleia , utilizando um regulamento para dar mais ênfase a esta informação como se não soubéssemos se não pagássemos as quotas, não teríamos a cédula profissional renovada;

- O valor das quotas foi actualizado e manter-se-á para permitir a "melhor utilização e administração de recursos da Ordem" (lamento que os mesmos não venham lá discriminados, pois ainda não percebi ao que se referem quando abordam a palavra recursos" e então surgem as novas medidas de optimização, que de facto reduzem custos e impacto ambiental, mas contrariam a justificação do aumento das quotas.

Ora vejamos: a factura passa a ser electrónica (logo não há gastos com envelopes, taxas de correio, tinteiros, papel); a famosa revista da ordem que mais parece um catálogo de viagens realizadas pelos membros da Ordem passa a ser digital e enviada para os membros (logo não há custos de impressão, envio, apesar de os custos destas grandes viagens e eventos continuar a ser financiado pelas nossas quotas). 

Assim questiono, então para que serve o aumento do valor mensal deliberado se ao mesmo tempo há uma diminuição do que se gasta com os membros?

Ao mesmo tempo assumem que toda a comunicação futura será via electrónica, mais cómoda e eficaz e acessível, tal como publicitam o novo site com uma área reservada optimizada. Parabéns por tal, grande iniciativa facilitadora.

Mas cara Ordem, numa altura de grandes dificuldades que questiono: não seria uma mais valia terem revisto o valor das quotas tendo em conta as dezenas de milhar de enfermeiros sem emprego, sem nunca terem trabalhado e que se vêm OBRIGADOS a pagar um quota sem nada ser feito por eles? Que fazem vocês com o valor que eles pagam para mudar esta situação? Porque não pagam quotas os enfermeiros que exercem funções ou iniciam pagamento aquando início de carreira profissional activa?

Nesta mesma página de grandes novidades, de proximidade com os membros esquecem-se de dizer que apesar das melhorias da comunicação, não têm o cuidado de avisar os enfermeiros no final de cada ano, que se não pagarem pelo menos 11 meses de quotas vêm a sua cédula caducada sem qualquer aviso prévio! Andam assim, milhares de enfermeiros a exercer funções sem cédula activa e que são obrigados a ligar para Ordem (claro que o telefonema é pago pelos membros) a averiguar o que se passa e a pagar uma taxa de 9,98€ para reactivar a cédula.

 Pergunto se a Ordem avisasse a tempo (não contando com o aviso na factura dos meses em atraso), referindo a regra dos 11 meses de pagamento,não evitaria este pagamento desta taxa? Ou é conveniente a esta mesma Ordem receber este bónus todos os anos pelos milhares de facturas que não foram liquidadas atempadamente?

Cara Ordem, de facto quer mudar a comunicação com os seus membros, torná-la mais eficaz e eficiente, pelo qual vos parabenizo, mas será que o está a fazer da forma mais adequada? Ou somente para responder aos vossos propósitos invés dos propósitos dos membros?

Obrigado pela Missiva... Mas já há alguns anos que em poucas palavras e sem tanto alarido, sei que tenho as quotas para pagar!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A "traição" dos Enfermeiros

http://www.ordemenfermeiros.pt/tomadasposicao/Documents/FormacaoContextoPraticaClinicaAsseguradaPorEnfermeiros_VFinal_proteg.pdf

A Ordem dos enfermeiros toma a decisão de punir os enfermeiros que voluntariamente tomem parte de formações que usurpem competências de enfermagem, e de agir contra instituições que o promovam ou obriguem. Sem dúvida um passo de imensa importância, numa altura em que a arte de cuidar, a ciência da enfermagem, perigam, com usurpadores dos mais distintos quadrantes.
Esta punição, deveria no entanto, partir do âmago de cada enfermeiro. Formar outros profissionais em competências de enfermagem é um denegrir da ciência que defendemos, da arte que nos distingue, da singularidade da enfermagem na recuperação da pessoa, a todos os níveis. No entanto, parece residir em demasiadas mentes o complexo da inferioridade, e qualquer papel de relevo junto de outros profissionais parece brilhar com uma reluzência hipnotizante. Esquecemos a importância maior do nosso papel, que é junto aos que cuidamos.
A Ordem toma uma palavra corajosa, que esperamos não ser novamente um grito em surdina. Haja agora coragem para enfrentar o INEM, com quem num passado muito recente a Ordem pactuou, para punir os enfermeiros que contribuem para o esvaziamento de competências dos enfermeiros no pré-hospitalar, formando técnicos. Haja coragem para apontar o dedo aos enfermeiros que em anos anteriores formaram auxiliares de categorias diversas, que congeminaram para a criação de técnicos de administração de terapêutica, que fomentaram a vinda de profissionais estrangeiros sem cursos homologados.
Haja coragem de uma vez por todas para um dedo que se aponte aos enfermeiros que não amam a enfermagem, que a vendem a troca de tostões, que trocam a cumplicidade do cuidar, por breves segundos de ribalta.
A Ordem deveria igualmente espreitar a formação, pois até nela, em tantas vezes, nos revelamos pequenos. Não obstante a enfermagem ser uma ciência que sai enriquecida com contributos de áreas diversas, "fere a vista" de quem ama o cuidar ver que a maioria dos planos curriculares da maioria das pós-graduações existentes no "mercado" tem poucos enfermeiros envolvidos. Habitualmente tem 1 ou 2 enfermeiros das Universidades promotoras, e depois um sem número de prelectores que nada entendem do "cuidar da enfermagem". Há cursos de enfermagem que se iniciaram com um corpo docente tão pobre em enfermeiros, que duvidamos da sua idoneidade. Médicos, informáticos e afins não entendem a singularidade de ser enfermeiro.
Não esqueçam, já agora, os enfermeiros que fazem formação. Proliferam pelas escolas enfermeiros sem experiência profissional, enfermeiros que não entendem que se aprende reflectindo sobre a prática, pelo facto simples, de não saberem o que é prática. Aprendemos junto dos doentes, aprendemos depois indo para casa enriquecer-nos, mas nos livros, em meses escassos de profissão, vemos apenas a vontade de fugir à essência da enfermagem: cuidar.
A valorização tem de partir de cada um de nós, o complexo da "pequenez" tem de terminar. O valor da enfermagem é aquele que nós próprios lhe damos, o brilho com que anunciamos o nosso dia-a-dia, o orgulho que mostramos juntos dos utentes por cumprir o nosso trabalho. E se a queixa é constante, uma maioria significativa com razão, há que avançar para a atitude orgulhoso, de quem tem orgulho na sua ciência, na sua arte, na sua singularidade.
Há sempre mais para além da linha do horizonte, há um mundo a descobrir se tivermos a coragem de avançar. Avançar conquistando competências, sem descurar em momento algum aquilo que conquistamos. 
Haja então coragem, a enfermagem está em saldos nos salários, que não esteja igualmente em saldos nas suas competências. E onde houver alguém a desempenhar uma função de enfermagem há, com certeza, um enfermeiro por detrás, um enfermeiro que não interessa há enfermagem. E por detrás da maioria dos cursos na área da saúde, radiologia, análises clínicas, entre outros, há enfermeiros a leccionar....

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Governo usa "golpe de magia" com médicos de família | Esquerda

Governo usa "golpe de magia" com médicos de família | Esquerda

Para quando a rentabilização do imenso capital de qualidade dos especialistas em Saúde Comunitária?
Para quando a verdadeira valorização do papel fulcral dos cuidados de saúde primários?

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Uma nova ordem

http://www.ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Paginas/CDReuneOperacionalizarGrandesOpcoesMandato.aspx

A recém eleita Ordem dos Enfermeiros reuniu para determinar as linhas orientadoras do seu mandato. Os gostos principescos mantêm-se nos que se mantêm dos anteriores corpos sociais (e são bastantes ainda), e enraízam-se nos recém chegados. Assim sendo, nem a sede nacional nem nenhuma das 5 sedes regionais serviu para esta reunião extensa, e houve a necessidade de passear uns dias no Vimeiro à custa das cotas dos enfermeiros (que sublinhe-se, voltaram a aumentar).
A diferença é, até à data, a completa ausência de ruptura com um passado recente inerte no que toca à defesa da enfermagem.
Mas escamuteando um pouco, aqui ficam em traços gerais as motas da Ordem dos Enfermeiros:

• Demonstrar ganhos em saúde relacionados com os cuidados de Enfermagem; 
Parece-me que ao assinar um acórdão que concede competências a Técnicos de Emergência no pré-hospitalar se faz precisamente o oposto.

• Definir e validar os indicadores de financiamento dos cuidados de Enfermagem;
 Que se valide antes porque motivo há enfermeiros a ganhar cada vez menos. Que se estabeleça antes um ordenado mínimo para se exercer enfermagem e se combate de verdade o vinculo precário.

• Intervir ao nível da reflexão e regulamentação da carreira, bem como das competências dos enfermeiros gestores;
Reflectir teria implícito que teríamos sequer uma carreira. Esta ausência de carreia é responsabilidade directa de muitos dos elementos da actual Ordem e do Sindicato (alguns também transitantes para esta nova Ordem)

• Comunicar o valor e características da Enfermagem Portuguesa no plano nacional e internacional;
A população tem uma noção mínima da abrangência das capacidades, potencialidades e funções da enfermagem. A fraca força colectiva que exibimos e uma auto-estima estilhaçada não nos permite afirmar-nos.

• Pugnar pela adoção de dotações seguras nos serviços de saúde;
2 enfermeiros a cuidar de 40 doentes é uma dotação sem dúvida exemplar... Só o conseguiremos mudar quando provarmos que melhores cuidados reduzem tempos de internamento, e sobretudo quando tivermos a coragem de nos fazermos ouvir, e não remeter-nos ao silêncio como o fez já o recém Bastonário.

• Acompanhar as reformas dos CSP, RNCCI, EPH e hospitais,
A reforma a realizar é de toda a estrutura que tem nas mãos a defesa da enfermagem. Sair dos gabinetes e das secretárias da escola urge para reformar a enfermagem utópica

• Regulamentar Exercício Profissional Tutelado;
 Regulamentar a escravatura é difícil, ainda que venha mascarada de internato.

• Consolidar percursos formativos especializados,
 Mais do que consolidar, que tal reconhecer especialização construída na prática e acabar com o lucrativo negócio das especialidades? A competência para conferir a especialidade é da Ordem, não se percebe que hajam escolas a formar especialistas em catadupa, sem qualquer experiência nas áreas em que se especializam.

• Melhorar a comunicação com os membros e constituir elos de ligação entre a OE e os enfermeiros que estão no terreno; 
Seria agradável ver a Ordem defender os seus elementos em outros momentos que não apenas o das eleições, e ver na Ordem elementos de referência da prática, e não apenas profissionais dos gabinetes. Quantos presidentes de secção regional são enfermeiros da prática diária?

• Criar mecanismos de apoio a enfermeiros que se encontrem a exercer no estrangeiro; 
Mecanismos interessantes seriam aqueles que impedissem os enfermeiros de emigrar, e terem colocação no seu país.

• Promover as boas práticas e a investigação em Enfermagem
.
Boas práticas teríamos se a Ordem e o Sindicato lutassem por mínimos aceitáveis nos serviços. Não é preciso muita investigação para saber que faríamos muito melhor pelos que cuidamos em condições dignas.

A verdadeira fé é aquela que persiste na ausência de milagres. Vou tentar ter fé, sabendo que milagres não haverão. Talvez um pequeno vislumbre, mas duvido.
Entretanto, para o mês que vem os meus 8,5€ serão investidos num fim de semana para os membros da Ordem onde?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Ser enfermeiro lá fora

http://www.ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Paginas/%C2%ABEnormevagadeemigracao%C2%BBdeenfermeirostemorigemnafaltadevisaopol%C3%ADtica.aspx

O desemprego obriga muitos enfermeiros a emigrar. E mais do que a remuneração ou a elementar empregabilidade, procuram reconhecimento. O valor dos enfermeiros é imenso. Demasiado importante, no entanto, para ser produzido em massa, como têm feito as inúmeras escolas de enfermagem. O caminho é fazer ver que são necessários mais enfermeiros, que 2 profissionais para 40 doentes não é digno, nem para quem cuida, nem para quem é cuidado. O caminho é reduzir o número de enfermeiros que entra anualmente nas escolas.
E sem dúvida o caminho não é pegar nestes recém licenciados, torna-los internos e vedar  ate a oportunidade de emigrar.
Senhor bastonário, que expectativas dá aos alunos da sua escola?
Senhor bastonário, solicitou a reunião através do seu partido, o PSD, ou como bastonário?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Coragem de se fazer ouvir

Há um alvoroço no ar! Muitas vozes se levantam contra as medidas de austeridade regulamentadas pelo nosso governo! Muitos gritos, muitos apupos, muita discussão nos média e em praça pública!... Todos falam, menos a Ordem dos Enfermeiros.

Esta Ordem cada vez mais silenciosa, parece ter feito um pacto compremetedor cuja cláusula principal é a eliminação de qualquer crítica sobre quaisquer medidas que abranjam os enfermeiros, este grupo profissional que deveria ser protegido por  este organismo!

A Ordem dos Enfermeiros não fala ao ver a sua classe atacada com despedimentos em série, com más condições de trabalho, situações de renumerações ofensivas, diminuição da renumeração das horas extraordinárias e suplementares. Mas faz seguir um comunicado com a sua preocupação com a emigração de 1700 enfermeiros! E porquê senhora Ordem? Não será porque ñada é feito e dito no sentido de evitar esta fuga?

Todos falam menos a Ordem que mantém uma afasia arrastada ao mesmo tempo quen parece ter uma cegueira dissimulada , vendo só o que quer!

A Ordem devia seguir o exemplo da Ordem dos Médicos, que fazem contra-propostas, negoceiam e fazem com que o governo dê voltas no carrocel que eles próprios c criaram. Pois é, aceitam trabalhar 40 horas semanais se aumentarem o ordernado base!!?? E aos Enfermeiros foi dado o direito de negociar as suas 40h/semanais, mantendo mesmo salário e não sendo pagos como licenciados? Onde estava a Ordem nesta altura? Que fez ela? Nada!!

Sr Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, tenha a coragem de se fazerr ouvir, de vir defender os enfermeiros tal como prometeu na sua campanha de marketing político e pessoal!Onde está a sua acção? Onde está a sua luta , para que todos possamos lutar!

Faça-me um favor... faça-se ouvir!!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

As Aparições

Todas as religiões do mundo, vividas com maior ou menor fervor, alimentam-se de um deus invisível. Mas cada um destes deuses invisíveis tem necessidade, segundo todos os credos, de se tornar visível em algum momento de alguma forma.
Não só necessitam tornar-se visíveis, como se torna mandatório que deixem acções perpétuas, palpáveis, estraordinárias, para que todos encham de espanto os seus corações sépticos.
O que seria do catolicismo sem Jesus, sem os seus milagres para que se espalhasse a palavra? O que seria do islamismo sem o exemplo de Maomé e dos seus inúmeros feitos?
As ideias precisam de imagens, para que para elas se olhe com admiração, para que se reforce a crença na sua possibilidade.
Milagres escasseiam, mas cegamente acreditamos, inatamente acreditamos, porque em tempos alguém deles nos falou. Palavras sem cor, sem textura, são meros exercícios de reflexão. Palavras importantes são aqueles que conseguimos "apalpar", ou pelo menos ouvir de alguém que o tenha feito.
E a fé mantém-se com aparições, com materializações da fé, nas alturas mais obscuras da crença. Com visualizações que reforçam as palavras.
Para os enfermeiros existe a esperança numa Ordem e num SIndicato que os defenda. Esta milenar fé passa de geração em geração de enfermeiros, mas desvanece. A luz de outrora torna-se, hoje, num ténue crepúsculo. Faltam acima de tudo as aparições que convençam, que reacendam a luz. Falta por exemplo o Moisés que separe o mar da precariedade, falta a Nossa Senhora a iluminar quem vê as suas competências serem esvaziadas, deturpadas, falta o Maomé que comande os fiéis apaixonados do cuidar na luta pelo seu reconhecimento, falta o Cristo que dê vida a uma carreira de enfermagem morta, injustiçada.
E pior do que a ausência das aparições, são os falsos profetas que vão desfilando perante os nossos olhos.
Não há sindicalista que visite um contexto de trabalho numa altura de tensão ou litígio. Visitam-nos solicitando a nossa fé incontestada, pior, a nossa esmola.E a celeridade com que transformam o nada numa proposta de sindicalização é milagre único, pois as dúvidas raramente se convertem em esclarecimentos.
Estes falsos profetas afastam-nos da fé, pedem demasiado sem dar nada, não exibem milagre que não seja a evidência de se conseguir defender tão pouco os seus fiéis.
Não há bastonário que se revista de coragem ou compaixão para com os seus enfermeiros. As palavras de optimismo, de promessa de salvação esgotam-se a cada 4 anos após as eleições. As aparições, desconfia o fiél, não mais são do que a busca pela vela acesa no seu altar por mais 4 anos.
Os milagres, esses alguém um dia disse serem possíveis. E depois da transformação de uma arte em ciência, em licenciatura, os milgares esgotaram-se. Vivemos agora sem exemplos, pior, com maus exemplos. As velas de esperança que acendemos nos altares de esperança são sopradas, apagadas, por aqueles que deveriam ser a nossa fé.
As orações deixam de fazer sentido, olhar para cima deixa um vazio imenso, ao mesmo tempo que se instala a certeza de que só podemos olhar para o lado. Teremos de viver da fé em nós mesmos, nos enfermeiros ao nosso lado.
As aparições essas podem remeter-se aos seus covis paradisiacos. Deixem-nos lutar senhores sindicalistas, senhores membros da ordem, já que não o fazem por nós, já quem muito menos o fazem connosco.
Guardem as palavras de defesa dos enfermeiros, guardem as vossas propostas de fidelizações, guardem as promessas cínicas. Milagre é aquilo que com as condições actuais os enfermeiros fazem no seu dia a dia.

Tecnicos trocam com enfermeiros

Técnicos trocam com enfermeiros

O ataque às competências da enfermagem continua. E se um dador hipotensar, sofrer uma lipotmia, apresentar qualquer tipo de complicação, quem age? O técnico?
Cuidar é perceber tudo o que rodeia cada acto, e esta capacidade de compreender o global que envolve a pessoa só está ao alcance da enfermagem.
Os nossos "defensores" fecham-se em gabinetes, e no dia a dia perdemos competência atrás de competência.
Antes haviam fisioterapeutas? Não! Haviam enfermeiros especialistas em reabilitação.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O engano das horas extraordinárias

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=535443

Com pompa o Doutor Enfermeiro anuncia que os enfermeiros continuarão a ganhar horas extraordinárias. Desfeita alguma confusão percebe-se que, em relação aos enfermeiros, se refere a horas de qualidade, ou seja trabalho nocturna e aos fins de semana e feriados.
Esquece-se este senhor enfermeiro que a maioria dos enfermeiros recebe um acréscimo apenas de 25% por trabalho nocturno, quando há pouco tempo se recebia entre 50 a 100%. Esquece-se igualmente que uma boa parte dos enfermeiros tem contratos precários e nem aos 25% tem direito.
Desconhece certamente que colegas são pagos para estar de chamada toda a noite (hemodiálise, técnicas de gastro, por exemplo) pagos a um valor inferior ao valor hora habitual.
Que grande vitoria esta para os enfermeiros, sem dúvida... esperemos que a nova Ordem, que integra o dignissimo Doutor Enfermeiro ouse erguer a voz pelos enfermeiros. Desde que haja tempo claro....

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Centenas de voluntários vão "ajudar" Serviço Nacional de Saúde - JN

Centenas de voluntários vão "ajudar" Serviço Nacional de Saúde - JN

Trabalho voluntário é o que se faz todos os dias. Os enfermeiros são mal remunerados, abdicam de minutos para rápidas refeições, abdicam de noites, feriados e familia. Tudo por um ordenado quase de voluntário.

O papel principal

Uma popular e badalada música, em tons estridentes, exalta o papel principal. Numa voz menos melodiosa, mais áspera, a Ordem dos Enfermeiros recupera o papel principal. O papel principal que faz a capa de revista, que se constitui o mais brilhante e pomposo na apresentação de qualquer filme.
Cuidar, no entanto, é um filme, uma música, um artigo, que se foca numa acção, recheada de papéis, todos principais, todos secundários, todos dignos de prémio.
Mas ofusca a necessidade de diferenciação. Entre os enfermeiros há o papel principal? Há um enfermeiro mais enfermeiro? Há saberes da arte de cuidar mais importantes que outros?
E se não há, que houvesse uma música, um filme, que enaltecessem o rotundo NÃO.
Todos os enfermeiros cuidam, em diversas fases, de diversas perspectivas. Na Urgência, nos Cuidados Intensivos, nas salas de Hemodiálise, nos Domicílios, entre tantos outros desenrolam-se saberes distintos, nenhum deles menos importante, todos eles fundamentais para aqueles que são cuidados.
Aceitamos, no entanto uma cruel distinção, e na folha salarial, parca para todos, há uma dicotomia demasiado doloroso para esta importância global de todo os conhecimentos.
Lado a lado, a cuidar numa noite pode estar um enfermeiro cujo vencimento base ronda os 900 euros mensais, com um vinculo precário, sem direito a compensação por trabalho nocturno, e um enfermeiro quadro de função pública, com vencimento de 1500euros e remunerado pelo trabalho nocturno. Alguns deles é indispensável? Não. Alguns deles cuida menos? Não. A paixão por cuidar essa não se quantifica.
Um dia a Enfermagem avançou para ser ciência reconhecida, saiu da penumbra do bacharelato para o brilho da licenciatura. Na altura os enfermeiros remeteram-se à sua pequenez. Ganhar como licenciados só quando todos o fossem, esquecendo que as garantias de hoje raramente são válidas amanhã. Medo dos "bichos licenciados" que aí vinham. Hoje, no entanto são estes nossos defensores da igualmente que aceitam colegas em condições vergonhosas.
A responsabilidade de ser enfermeiro excede em muito o que é remunerado. A tentativa de ser justo tem no entanto de exceder os ordenados criminosos que se oferecem. E tem de encontrar nos enfermeiros uma posição forte que nunca existiu.
Preocupamo-nos não em que todos sejamos reconhecidos, mas que cada um seja mais reconhecido que o vizinho do lado. Assim se percebe que se aceite um licenciado em enfermagem ganhar metade de um licenciado em qualquer outra área, ser usado, explorado, espezinhado, sustentado apenas pelo gosto, pelo ideal, pela paixão de cuidar.
Cabe igualmente a uma Ordem determinar aquilo que é um emprego digno de um enfermeiro, para que se proteja da ingenuidade os novos enfermeiros, para que se abram os olhos aos egoistas enfermeiros acomodados.
Quando se cuida não há um herói, há uma equipa de heróis, e o saber da enfermagem nasce do saber de cada um. Agora questionem-se quanto ganha o colega ao vosso lado, que regalias tem?
Igualdade é a coragem dos mais velhos agora mostratem que acreditam na enfermagem e não se andaram somente a aproveitar dela. Igualdade é a coragem dos mais novos recusarem ser enfermeiro de forma indigna.
O papel principal é atribuído aos 65000 que querem cuidar!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Enfermeiros... Pilares da Saúde

Saiu numa notícia que o nosso ministro considera os enfermeiros os Pilares da Saúde e a nossa Ordem diz que é o próprio governo que nos empurra para o desemprego!..Até aqui tudo bem, uma frase com que se concorda.

Vendo bem a frase, se facto os enfermeiros são os pilares da saúde pela sua intervenção neste campo humano, intervindo em todas as áreas do ser humano, com uma visão holística. São os enfermeiro grandes prestadores de cuidados de saúde 24h por dia, 365 dias por ano sem pausas, sem olhar a quem cuidam e lutando por melhores condições para a prestação de cuidados.

A ordem acusa o ministério, mas a Ordem nada faz. Mentira esta, de facto faz algo! Faz muita propaganda publicitária com promessas que enchem os olhos, mas deixam o coração vazio! Cria mensagens utópicas de que tudo fará para dignificar a enfermagem, mas remete-se aos seus gabinetes, onde de facto a enfermagem não faz falta. Faz falta é uma Ordem que vá ás instituições olhar para estes pilares, ouvir o que os pilares da saúde precisam para segurar a construção da saúde, para evitar que se criem fendas e para fechar as fendas já criadas.

Os enfermeiros, estes pilares da saúde, não precisam de uma Ordem que se remeta unicamente a respostas burocráticas ao governo, mas sim que arregace as mangas e vá à luta e faça com que a profissão de enfermagem seja valorizada, como a grande mais valia no sistema de saúde.

Pois bem, os enfermeiros são os pilares da saúde, Sr. Ministro, mas precisamos Srª Ordem que sejam mais do que meros burocratas, que sejam pessoas de acção, que façam com que olhem para estes pilares como tal e não como peças que se podem mover sem que o sistema se desmorone!!

Haja quem olhe para os enfermeiros com a excelência que os mesmos precisam!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

E nós como nos vemos?



A imagem que têm de nós vem em parte significativa do que demonstramos. Será que passamos para os nossos doentes a mensagem correcta? Será que lhes dizemos que cada pequeno gesto para a sua recuperação faz parte da nossa ciência de cuidar? Resignamo-nos... escondemos a nossa ciência, e hoje, mais do que nunca, aproximam-se os abutres que a querem devorar.