Um Abraço! Todos nós num momento particular da vida precisamos de uma abraço!
Recordo-me sobretudo de 65000 enfermeiros que eles sim necessitam de um abraço. Os 30% desempregados precisam de um abraço ainda mais terno, afinal com a alma cheia de vontade nada lhes resta senão sonhar com a oportunidade de cuidar. Sonham com um vencimento, com oportunidades, com um serviço nacional de saúde que um dia queira tratar dignamente, e que para tal terá de se reforçar com um sem número de enfermeiros.
Precisam de um abraço os enfermeiros que têm a seu cargo 20 ou 30 doentes, que abdicam das horas de refeição, da vida familiar, sempre empenhados, sempre com uma réstia de coragem para um esforço adicional em prol dos que cuidam.
Precisam de um abraço os enfermeiros que lutam pela sua autonomia, que conquistam cada centímetro de reconhecimento com a sua arte, com o seu empenho.
Precisamos nós de um abraço, um daqueles que todos os dias damos aos que cuidamos. Cada vez que os medicamos, que os ouvimos, que os defendemos, que os compreendemos mesmo quando nos agridem e ofendem.
Um Abraço melhor não é um abraço bom. A Ordem está melhor, mas a fasquia estava também demasiado baixo. Visitas pontuais a questionar dotações de enfermeiros não resolveram ainda nada. Impera sim o silêncio nas questões importantes, nos contratos precários que brotam em mais um Hospital Publico (Loures), no roubo que se comete contra os enfermeiros do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, no esvaziamento das competências do pré-hospitalar, no atentado à liberdade pessoal dos enfermeiros no Hospital de Braga.
Hajam abraços, mas que haja também censo. Isentem desempregados e recém formados de pagar quotas e guardem nos bolsos os tostões que gastam em spots na TV e Cinema. A promoção de enfermagem é feito em cada segundo em qualquer local em que está um enfermeiro. Melhorar a imagem é lutar por dotações justas, é lutar por rácios compatíveis com países civilizados.
Caro enfermeiro indignado, esperemos que no futuro os enfermeiros possam sentir-se apoiados pela sua Ordem e não apenas sancionados pela mesma. Pode ser que no futuro, os enfermeiros possam trabalhar com rede, com suporte, com estatutos que realmente denotem (com clareza e objectividade) a capacidade de acção do enfermeiro. Ao invés de nos retirarem competências, devem sim escrevê-las no papel, defini-las nos estatutos, para que desta forma não haja dúvidas acerca da nossa actuação. Desta forma poderemos ver asseguradas e protegidas as nossas competências. Assim teríamos além do abraço, um manto de segurança, e uma rede de apoio. Bem diferente é o que temos hoje, um regulamentar apenas, um não proteger eminente e uma consequente incerteza.
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