quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

745 milhoes mal gastos na Saude

745 milhoes mal gastos na Saude

Enquanto se desperdiça dinheiro levianamente, a excelência é paga a preço de saldo.
Entre os incontáveis milhões não se vislumbra um euro que seja desperdiçado em enfermeiros.
Possuímos a maior excelência, no entanto somos pagos não como licenciados, mas como funcionários pouco diferenciados. Somos considerados mão de obra, quando deveríamos ser vistos como obra de arte. Arte de cuidar, de acreditar na luta pelos outros.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Enfermagem

A Enfermagem, esta nobre Arte de Cuidar, é uma missão de vida, mais que uma simples profissão, mais que um simples emprego.
Ser Enfermeiro é ser um Nobre Cuidador, ser Gente que cuida de Gente, ser um agente de mudança, de transformação.
Não há tempo, diferenças, desigualdades na Enfermagem, mas sim uma globalização de Seres Humanos: Os que Cuidam e os que são Cuidados de um modo holístico, de um modo contínuo, com toda a nobreza e seriedade que a enfermagem contempla.
Nos dias de hoje a enfermagem vê-se atacada por inúmeras manobras políticas, morais e éticas, criando grandes lacunas nos cuidados de saúde fazendo com que diminua a entrega dos profissionais de saúde que com o seu juramento profissional se comprometeram a Cuidar independentemente das condições de realização da sua Missão.
Sim, a enfermagem é uma missão, uma Vocação de Vida. A certeza de uma entrega única, sentida e extrema para que todos os Seres Humanos sejam cuidados com igualdade, humanidade e humildade. A Enfermagem é uma arte nos cuidados efectuados, no primor com que cada enfermeiro cuida do seu paciente, na sua entrega incondicional mesmo em condições adversas.
É preciso realçar o Orgulho em Ser Enfermeiro! Enaltecer a Enfermagem pela sua proximidade, pela sua especificidade de cuidar sempre contemplando o Ser Humano na sua Unicidade!
Ser Enfermeiro é hastear a bandeira do Cuidar Orgulhoso pela Missão de Vida, pelo compromisso efectuado. Ser Enfermeiro é Ser Gente que Cuida de Gente.

domingo, 25 de dezembro de 2011

A prenda no Sapatinho

Os presentes desembrulham-se a ritmo frenético. Os doces, um deleite para o olhar, desaparecem com avidez. A lareira aquece, as famílias juntam-se sob o seu crepitar. A alegria reina, ainda que só nesta ocasião.
Enquanto se reunem famílias em suas casas, com maior ou menor modéstia, em outras casas se fala apenas de vida. Vidas a serem salvas, a serem perdidas, a verem os primeiros vislumbres do mundo. Vidas entregues, seja de que forma fôr nas mãos daqueles que orgulhosamente cuidam - os enfermeiros.
Não há espaço para embrulhas ou refeições elaboradas. Há tempo para sorrisos cúmplices daqueles que cuidam, longe dos que amam, para refeições breves, complementadas com o prazer de cuidar, para uma coragem que no Natal, ou em qualquer outro momento, é sempre demasiada para ser quantificada.
Ser enfermeiro é ser diferente também nestas alturas. É trazer conforto, esperança, luta, não porque é Natal, mas porque é mais um dia.
Esperamos, nós os enfermeiros, algumas prendas. Poucas, mas boas, como apregoa a gíria popular. Esperamos fazer a diferença, esperamos que não seja tão inglório, tantas vezes, tentar fazer esta diferença.
Sabemos, no entanto, que entre tantas semelhantes, este ano recebemos uma prenda demasiado amarga. Para quem se apaixona pelos cuidados de saúde o gosto é demasiado desagradável para ser disfarçado com qualquer adoçante. Nas Unidades de Saúde Familiares deste país há 1000 enfermeiros com contratos precários, que expirarão a 31 de Dezembro. 1000 enfermeiros que fazem a diferença naquela que terá de ser a aposta do futuro: os cuidados de saúde primários.
Beliscar a enfermagem equivale inequivocamente a beliscar a excelência do sistema de saúde.
A experiência do enfermeiro de família é positiva. Recupera o holismo, o cuidado em todas as fases da vida que, de forma impar, conseguimos protagonizar. Colocar em causa as inúmeras famílias servidas por estes 1000 enfermeiros é um voto grosseiro de negligência.
Este vínculo que se pretende forte e alargado a toda a família é sustentado por contratos demasiado frágeis, precários, preclitantes; Um contrassenso....
E o silêncio impera. Os utentes acostumam-se, impávidos perante o que lhes vai sendo oferecido, seja melhor ou pior (e o melhor já não vai surgindo há demasiado tempo). Os enfermeiros acomodam-se, aceitando qualquer relação laboral. A Ordem mantém a sua inércia, que interrompe apenas pontualmente, e nunca sobre o tema ou no tempo adequados.
Embrulham-se 1000 enfermeiros que caminham para o desemprego, coloca-se um vistoso laçarote de  milhares de famílias votadas ao abandono e à despersonalização dos cuidados de saúde, e temos a nossa prenda no sapatinho.
Termina a consoada, para nós um dia mais em que tentamos fazer a diferença, um dia mais em que lutamos contra a marginalização dos cuidados de saúde, a desvalorização dos enfermeiros. Não queremos bolo-rei de pastelaria barata ou cartões de boas festas, queremos RESPEITO por nós e por quem cuidamos.

sábado, 24 de dezembro de 2011

A Ordem de alguns

Estamos zangados! Num País mergulhado numa crise cuja solução se assemelha, cada dia mais, a uma miragem, prestar cuidados de saúde torna-se cada vez mais difícil.
Estamos revoltados! Num País injusto o sistema de saúde depende, como nunca, do suor, boa vontade, capacidade imaginativa e de sacrífio daqueles que nele trabalham.
Estamos sozinhos! Num país em que os enfermeiros dão a cara pelos cuidados de saúde, vemo-nos sozinhos, desamparados; Molestados pelo interesse de quem pretende usurpar competências, desrespeitados por quem vê na saúde não um direito mas um negócio, não há uma defesa que se erga, uma mão que ampare, quando se tornam incontáveis os dedos que acusam.
As recentes eleições para a Ordem dos Enfermeiros trouxeram uma abstenção de 80%. Preocupante, pois é do senso comum o descontentamento com aquilo que são os 13 anos de existência de Ordem dos Enfermeiros. O espirito empreendedor e firme na luta pelos direitos do passado esgotou-se, e mais do que a demissão da responsabilidade na decisão, transpira um sentimento de que esta Ordem não serve para os Enfermeiros.
13 anos volvidos temos algo que não mudou: a Ordem continua a ser apenas de alguns enfermeiros, quando devia ser de todos. Estes 80% que se pouparam ao esforço do voto, seja da deslocação às mesas, seja à estação de correios mais próxima, não se poupa em cada turno, em cada dia, em cada momento, aos cuidados pelos utentes.
A questão é se esta abstenção resulta de comodismo, ou se resulta do sentimento que esta Ordem não é nossa, é deles. Talvez esqueçamos com demasiada frequência o nosso auto-cuidado, uma das palvras que esgotamos no dia-a-dia, sempre com renovado fulgor. Talvez esqueçamos os nossos direitos, que deveriamos defender com tanta paixão como defendemos os direitos daqueles que cuidamos.Talvez esqueçamos que a mudança tem sempre de ocorrer no presente e que o futuro será sempre tarde demais, seja para esta, seja para qualquer outra revolução.
A eleição seja de que caras forem torna-se indiferente. Afinal aqueles que perderam minutos de refeição, complicaram turnos já complicados, pela oportunidade de ouvir palavras de ordem, de mudança e de encorajamento, sabem que as vozes que os visitaram em campanha, os abandonarão a seguir ao redigir da cruz no boletim de voto. A voz dos 80% manifesta-se em ruidosa surdina.
Resultado de 13 anos de uma Ordem enclausurada num edifício, de uma Ordem que tem de estar junto daqueles que são a razão da sua existência: os enfermeiros.E esta presença é nos contextos, a cada dia, e não de 4 em 4 anos, porque a Ordem, tal como a enfermagem, é daqueles que a praticam, que a amam, que a vivem com dedicação.
20% falaram, a eles chgou a Ordem, a eles pelo menos chegou uma réstia de esperança de mudança. Mas as costas da Ordem voltam-se. Ao frenesim eleitoral segue-se o mergulho num silêncio absoluto. Vencedores remetem-se para os seus circulos, continuando a mostrar a Ordem só de alguns.
Mas os cuidados continuam. Enquanto se contavam votos, vidas se salvavam, vidas se perdiam, vidas começavam, vidas mudavam, tudo sempre na presença de enfermeiros. Enquanto se contavam votos enfermeiros eram despedidos, enfermeiros batalhavam pelas suas competências, enfermeiros davam a mão, enfermeiros suavam pelos seus doentes. E tudo o que lhes foi dado foi... Silêncio.Pior...discursos vagos, de bajulação. Precisamos de um abraço, sincero, envolvente, protector; as palavras, essas já perderam o momento para ser escutadas, o polimento que lhes dão já não reluz.
Estaremos mais perto dos 80% invejarem os 20% que votaram, ou o contrário?
A Ordem é de alguns, não serve para mim, para ti, para nós. Serve para eles...Agora.
Resta a coragem para um amanhã diferente, para que a Ordem se vá construindo em cada recanto onde haja um enfermeiro. Que cresça algo que nos tem faltado: um espirito de grupo inabalável, um orgulho interminável em ser enfermeiro e amanhã, aliás HOJE mesmo, que a Ordem mude, para já com a mentalidade de cada um de nós.
Alguns formatam a sua opinião pelos outros, relêem blogues de pseudo-referência. Esses...não são enfermeiros.
Os enfermeiros pensam com o coração, pensam com a cabeça, pensam em cada acto, em cada gesto, em cada palvra. Salvam vidas não por acaso, mas percebendo porquê, perdem vidas também percebendo a razão. Chama-se reflectir na prática, chama-se ser enfermeiro.
A pratica diz que chega da Ordem de alguns. É hora de agarrar a Ordem de todos. Antes que seja tarde demais.
Estamos zangados! Estamos magoados! E devemos está-los. Porque vamos à luta por tudo menos por nós próprios.