A recém eleita Ordem dos Enfermeiros reuniu para determinar as linhas orientadoras do seu mandato. Os gostos principescos mantêm-se nos que se mantêm dos anteriores corpos sociais (e são bastantes ainda), e enraízam-se nos recém chegados. Assim sendo, nem a sede nacional nem nenhuma das 5 sedes regionais serviu para esta reunião extensa, e houve a necessidade de passear uns dias no Vimeiro à custa das cotas dos enfermeiros (que sublinhe-se, voltaram a aumentar).
A diferença é, até à data, a completa ausência de ruptura com um passado recente inerte no que toca à defesa da enfermagem.
Mas escamuteando um pouco, aqui ficam em traços gerais as motas da Ordem dos Enfermeiros:
• Demonstrar ganhos em saúde relacionados com os cuidados de Enfermagem;
Parece-me que ao assinar um acórdão que concede competências a Técnicos de Emergência no pré-hospitalar se faz precisamente o oposto.
• Definir e validar os indicadores de financiamento dos cuidados de Enfermagem;
Que se valide antes porque motivo há enfermeiros a ganhar cada vez menos. Que se estabeleça antes um ordenado mínimo para se exercer enfermagem e se combate de verdade o vinculo precário.
• Intervir ao nível da reflexão e regulamentação da carreira, bem como das competências dos enfermeiros gestores;
Reflectir teria implícito que teríamos sequer uma carreira. Esta ausência de carreia é responsabilidade directa de muitos dos elementos da actual Ordem e do Sindicato (alguns também transitantes para esta nova Ordem)
• Comunicar o valor e características da Enfermagem Portuguesa no plano nacional e internacional;
A população tem uma noção mínima da abrangência das capacidades, potencialidades e funções da enfermagem. A fraca força colectiva que exibimos e uma auto-estima estilhaçada não nos permite afirmar-nos.
• Pugnar pela adoção de dotações seguras nos serviços de saúde;
2 enfermeiros a cuidar de 40 doentes é uma dotação sem dúvida exemplar... Só o conseguiremos mudar quando provarmos que melhores cuidados reduzem tempos de internamento, e sobretudo quando tivermos a coragem de nos fazermos ouvir, e não remeter-nos ao silêncio como o fez já o recém Bastonário.
• Acompanhar as reformas dos CSP, RNCCI, EPH e hospitais,
A reforma a realizar é de toda a estrutura que tem nas mãos a defesa da enfermagem. Sair dos gabinetes e das secretárias da escola urge para reformar a enfermagem utópica
• Regulamentar Exercício Profissional Tutelado;
Regulamentar a escravatura é difícil, ainda que venha mascarada de internato.
• Consolidar percursos formativos especializados,
Mais do que consolidar, que tal reconhecer especialização construída na prática e acabar com o lucrativo negócio das especialidades? A competência para conferir a especialidade é da Ordem, não se percebe que hajam escolas a formar especialistas em catadupa, sem qualquer experiência nas áreas em que se especializam.
• Melhorar a comunicação com os membros e constituir elos de ligação entre a OE e os enfermeiros que estão no terreno;
Seria agradável ver a Ordem defender os seus elementos em outros momentos que não apenas o das eleições, e ver na Ordem elementos de referência da prática, e não apenas profissionais dos gabinetes. Quantos presidentes de secção regional são enfermeiros da prática diária?
• Criar mecanismos de apoio a enfermeiros que se encontrem a exercer no estrangeiro;
Mecanismos interessantes seriam aqueles que impedissem os enfermeiros de emigrar, e terem colocação no seu país.
• Promover as boas práticas e a investigação em Enfermagem.
Boas práticas teríamos se a Ordem e o Sindicato lutassem por mínimos aceitáveis nos serviços. Não é preciso muita investigação para saber que faríamos muito melhor pelos que cuidamos em condições dignas.
A verdadeira fé é aquela que persiste na ausência de milagres. Vou tentar ter fé, sabendo que milagres não haverão. Talvez um pequeno vislumbre, mas duvido.
Entretanto, para o mês que vem os meus 8,5€ serão investidos num fim de semana para os membros da Ordem onde?
Simplesmente aos enfermeiros foi dada a oportunidade de mudar...a mudança só era efectiva com Ana Cavaco...mesmo com as tretas todas, se tivessem votado no seu CD a OE era outra mesmo que fosse o actual Jerónimo o bastonete, teria de ser batutado por nós...a OE agora é vira o disco e toca o mesmo, ao som e melodia de Passos Coelho e Companhia do Macedo...
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